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Foto do escritorSérgio Amaral

Sudão do Sul: De uma independência com muito custo há 10 anos para uma guerra civil desde então.

Atualizado: 8 de jul. de 2021

Independente desde 2011, com uma guerra civil iniciada em 2013, o país de 12,5 milhões de habitantes tem uma das piores situações humanitárias do mundo.


Segundo a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur), mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram do país em busca de proteção desde que começou o conflito armado. O Sudão do Sul se transformou "na maior crise de refugiados da África" e "na terceira do mundo" após as de Síria e Afeganistão, segundo a agência, que lembrou que, adicionalmente, 2,1 milhões de pessoas estão deslocadas dentro do país.


O Sudão do Sul conquistou sua independência em relação ao Sudão em julho de 2011, depois que um referendo realizado em janeiro daquele ano aprovou a separação com 98,83% dos votos a favor. O referendo estava previsto em um acordo de paz de 2005 que encerrou décadas de guerra civil.


As diferenças étnicas e religiosas do que então era apenas um país foram o principal ponto de conflito entre os dois lados. A população do sul (hoje o Sudão do Sul), formada por diversos grupos étnicos de maioria cristã ou animista, se sentia discriminada pelo governo centralizado em Cartum (no Sudão), de maioria muçulmana, e que tentava impor a lei islâmica na região.

Homem armado em proximidades de vilas, uma cena comum no Sudão do Sul desde 2013.


Mas a aparente tranquilidade não durou. A guerra interna no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013, com combates entre duas facções do exército, dividido pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e seu ex-vice Riek Machar. Diferentes milícias se uniram a cada um dos lados, com confrontos marcados por massacres de caráter étnico.


O confronto teve início quando Kiir destituiu Machar, acusando-o de tramar um golpe de Estado. Os dois políticos pertenciam ao mesmo partido -- o Exército de Libertação do Povo Sudanês.


A disputa política somou-se à tensão étnica. O grupo dos dinka, ao qual pertence Salva Kiir, e que representa cerca de 15% da população do país, se opôs ao grupo dos nuer, do qual faz parte Machar e que equivale a cerca de 10% dos habitantes.


O fator econômico também é importante para entender o caos no país africano. Há uma inflação anual de 800%. Em 2016, US$ 1 valia cerca de 3 libras sudanesas. Atualmente, a proporção é de 1 para cerca de 55.

Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul.


A economia no país piorou muito desde 2012, quando o governo decidiu fechar a produção de petróleo -- até então a commodity correspondia a 98% da receita pública do país -- após discordâncias com o Sudão, que tinha toda a infraestrutura para a sua comercialização, como oleodutos, refinarias e portos do Mar Vermelho. A maior parte do país vive em uma economia de subsistência.


Em 2015, as facções fizeram um acordo de paz que previa a volta de Machar ao governo, como vice de Kiir. Três meses depois, contudo, Machar foi novamente expulso do governo e o conflito foi retomado, em julho de 2016, e, desde então mais de 1 milhão de pessoas se tornaram refugiadas.


As esperanças são maiores para este acordo de paz porque foi negociado com o Sudão, país do qual o Sudão do Sul se separou em 2011 após décadas de guerra civil. O petróleo é o principal item de exportação e um dos principais motores da sua economia. Quando o país se separou do Sudão, concordou em canalizar seu petróleo para o norte. Os combates fecharam vários campos de petróleo, mas o Sudão prometeu fazê-los funcionar novamente como parte deste acordo de paz.

Mapa infográfico de Sudão do Sul. Fonte: G1


Além do petróleo, o país poderia contar com exportações de recursos naturais como ouro; exportações agrícolas de vegetais e goma arábica; e madeiras como mogno e teca. Mas grande parte da área mais produtiva do Sudão do Sul, chamada Equatoria, quase não tem mais habitantes desde que os combates se espalharam na região há dois anos. Por medo de serem acusados de ajudar os soldados da oposição ou para não serem pegos nos combates, muitas pessoas deixaram suas fazendas sem serem colhidas.


Referências Bibliográficas:

STUART, Elizabeth Marie. Sudão do Sul completa nove anos e seu povo continua buscando paz. Artigo da ACNUR. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/2020/07/29/sudao-do-sul-completa-nove-anos-e-seu-povo-continua-buscando-paz. Acesso em 12/11/2020.


Como é a vida após cinco anos de guerra civil no Sudão do Sul. Reportagem do jornal Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/como-e-a-vida-apos-cinco-anos-de-guerra-civil-no-sudao-do-sul-do9abxqqo0i7fjchov02f6jtj. Acesso em: 12/11/2020.


Sudão do Sul: como o país mais novo do mundo mergulhou num caos de guerra e fome. Reportagem do site G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/sudao-do-sul-como-o-pais-mais-novo-do-mundo-mergulhou-num-caos-de-guerra-e-fome.ghtml Acesso em: 12/11/2020.


Por Sérgio Amaral, historiador e host do Podcast História e Sociedade.


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